Está cada vez mais claro para cientistas que o asteroide de 15km de
diâmetro responsável pela extinção dos dinossauros não poderia ter
atingido a superfície da Terra em um pior lugar.
Pesquisadores perfuraram rochas do oceano do Golfo do México que foram
atingidas pelo asteroide há 66 milhões de anos e trazem novos dados
sobre o evento que dizimou os répteis pré-históricos.
Os últimos achados foram resumidos num documentário transmitido nessa segunda-feira.
O asteroide atingiu uma área relativamente rasa do mar, chocou-se com
as rochas de gesso mineral liberando quantidades colossais de enxofre na
atmosfera o que prolongou o período de "inverno global". Os gases de
enxofre são altamente tóxicos e densos. Se o asteroide tivesse caído num
outro local, o resultado poderia ter sido diferente.
"É aí que está a grande ironia da história, porque no final das contas
não foi o tamanho do asteroide, a escala da explosão ou seu impacto
global que levou à extinção dos dinossauros; foi onde o impacto
ocorreu", disse o biólogo evolucionista Ben Garrod, que apresenta
The Day The Dinosaurs Died
(O dia que os dinossauros morreram), com a paleontologista Alice Roberts.
"Se o asteroide tivesse caído momentos antes ou depois, em vez de
atingir a costa de águas rasas ele poderia ter se chocado com o oceano
profundo", continua o pesquisador.
"Um impacto nos oceanos Atlântico ou Pacífico significaria muito menos
rochas vaporizadas - incluindo o mortal gesso. A nuvem seria menos densa
e a luz do sol poderia ter chegado à superfície do planeta, ou seja, o
que aconteceu poderia ter sido evitado".
"Naquele mundo frio e escuro, a comida nos oceanos acabou em uma
semana, e os alimentos em terra firme, pouco depois, interrompendo
subitamente a cadeia alimentar. Sem nada para comer em lugar algum do
planeta, os imponentes dinossauros tiveram pouca chance de
sobrevivência".
Entre abril e maio de 2016, Ben Garrod esteve na plataforma de
perfuração localizada a 30km de distância da Península Yucatan, no
México, onde uma expedição milionária investiga o evento histórico.
Enquanto isto, Alice Roberts visitou áreas de escavações de fósseis nas
Américas para entender melhor como a vida mudou de rumo após o impacto.
Da plataforma, foram coletados núcleos de rochas a 1,3km de
profundidade no mar do golfo. O material vem de uma área da cratera
chamada "anel de pico", formações rochosas que se elevaram e rodearam o
centro da cratera após a grade colisão.
Com a análise de suas propriedades, a equipe do projeto de perfuração,
coordenada pelos professores Jo Morgan e Sean Gulick, espera reconstruir
o desenrolar do impacto e as mudanças ambientais decorrentes dele.