Foto:
Guto Kuerten / Divulgação
Depois
que o deputado federal João Rodrigues colocou o nome, o bloco e a
pré-candidatura ao governo estadual na rua, o PSD passou a viver um
clima de disputa interna que chega a lembrar os velhos rachas dos
peemedebistas. Passados alguns dias para assimilar os movimentos do
agora rival interno, o também pré-candidato pessedista Gelson Merisio
voltou a se movimentar.
Enquanto
Rodrigues continua organizando encontros com prefeitos e lideranças
regionais para mostrar a vitalidade de seu projeto junto às bases,
Merisio recebe pessedistas no gabinete 37 da Assembleia Legislativa. Há,
é claro, quem participe dos encontros com um e logo depois se encontre
com outro - é da política.
Em Chapecó, Merisio começou a lançar
mais uma carta. Passou a dizer que se não for candidato a governador,
não disputará nenhum outro cargo. A leitura é quase óbvia: o deputado
estadual quer ser caracterizado como o único nome que não aceita a
composição com o PMDB, mantendo a atual aliança - como desejam o
governador Raimundo Colombo e o ex-conselheiro Júlio Garcia.
Nesse
movimento, Merisio tenta carimbar no deputado federal a pecha de
“candidato a vice”. É inegável a força e o carisma de Rodrigues junto à
base pessedista, especialmente entre prefeitos e vereadores, mas o peso
de representar a continuidade da aliança pode ser grande demais para
carregar.
Não há dificuldade para Merisio cumprir a promessa de
não ser candidato caso não emplaque como nome do PSD ao governo. Sua
estrutura regional já estava sendo direcionada para sua ex-chefe de
gabinete Marlene Fengler, hoje coordenadora da Escola do Legislativo. O
time estará contemplado, enquanto o parlamentar tentaria manter-se no
jogo com a presidência estadual do PSD.
Além da promessa de não
concorrer a outro cargo, Merisio tem uma segunda carta na manga - mais
pesada. Diante dos rumores de que Colombo poderia pedir uma licença do
cargo como alternativa a antecipar a renúncia prevista para abril - como
deseja o PMDB do vice Eduardo Pinho Moreira - o parlamentar levanta a
possibilidade de que o pedido seja rejeitado pela Assembleia.
Caso
ocorresse, seria um gesto de confronto explícito e até de ruptura entre
Colombo e Merisio. No entanto, a ameaça no ar deve ser suficiente para
que o governador procure outra alternativa.
Upiara Boschi - Diário Catarinense