Ministro desafiou site a divulgar íntegra das mensagens e a provar conduta parcial quando foi magistrado da Lava Jato
Em sessão da Constituição de Comissão, Justiça e Cidadania ( CCJ ) do Senado,
onde fala sobre as supostas mensagens trocadas com procuradores da Lava
Jato quando ainda era juiz em Curitiba, o ministro da Justiça e
Segurança Pública, Sergio Moro, afirmou que, se houver irregularidade de
sua parte, ele deixa seu posto. “Não tenho tenho apego pelo cargo em
si. No que se refere ao conteúdo, estou absolutamente convicto da
correção das minhas ações como juiz. Sei que, se as minhas comunicações
com quem quer se seja, forem divulgadas sem adulteração e
sensacionalismo, essa correção vai ser observada. Estou absolutamente
tranquilo”, garantiu.
Moro também incentivou o site The Intercept Brasil,
comandado pelo norte-americano Glenn Greenwald, que divulgou a suposta
troca de mensagens, a entregar a íntegra do conteúdo ao Supremo Tribunal
Federal. “Se tem realmente essas graves irregularidades, esses graves
ilícitos que são afirmados pelo jornalista, que apresente às
autoridades, ao Supremo. Vamos ver o que tem, não esse sensacionalismo
de ‘vou divulgar todo dia um capítulo’. Acho que isso desmoraliza o
veículo jornalístico”, afirmou, dizendo que, caso todo o material seja
disponibilizado ao público, “a sociedade vai poder ver de pronto se
houve incorreção da minha parte”.
O ministro disse que repudia “em absoluto” as ameaças ao marido do
editor do site, o deputado federal pelo PSol do Rio de Janeiro, David
Miranda, e se negou a criticar o jornalista pessoalmente. Mas reiterou
que há uma “divulgação sensacionalista e muitas vezes dissociada do
textos das supostas mensagens”. "Coloca em questionamento quais são os
propósitos desse tipo de divulgação. Não vejo situações assim no
passado, por exemplo, de jornalistas do Watergate. Se tivessem a
informação total desde o início, acredito que divulgariam desde o início
e não levariam um ano. Eles foram elaborando as matérias segundo o que
recebiam, assim como os ‘Papeis do Pentágono’, outro caso que ficou
famoso. Foram divulgados à medida que eles tinham. Me parece um
comportamento completamente diferente”, afirmou.
Correio do Povo