domingo, 29 de março de 2020

Bolsonaro contraria Ministério da Saúde e OMS e faz tour pelas ruas do DF

A cena, registrada em meio à pandemia do coronavírus e a despeito de apelos de autoridades médicas e sanitárias pelo mundo, para que se evitem aglomerações, foi postada no perfil oficial de Bolsonaro no Twitter -- um vídeo no qual aparece conversando com um vendedor de churrasquinho em Taguatinga, cidade satélite do DF —a 27 km de Brasília.

Segundo reportagem do portal UOL, o presidente também passou por Ceilândia (33 km de Brasília), onde conversou com trabalhadores informais e defendeu o uso de remédios feitos com cloroquina e hidroxicloroquina -- substâncias que, no entanto, ainda estão em fase de testes contra o vírus.

O ex-capitão, ao passar por um mercado no bairro Sudoeste, no Plano Piloto, afirmou a um apoiador que está "rodando por aí para ouvir alguma coisa. Contra ou a favor, né? Sugestão aí".
“O que eu tenho conversado com o povo é: eles querem trabalhar. Eu tenho falado desde o começo. Tem que tomar cuidado. Maior de 65 fica em casa”, disse, durante o tour pelas ruas do DF.
A necessidade de reclusão é endossada não só pelas autoridades de saúde mundo afora, mas pelo próprio Ministério da Saúde, o que tem gerado atritos entre o presidente e o ministro Luiz Henrique Mandetta (DEM).
Em entrevista para atualizar o número de mortes e casos de contaminação pelo covid-19, Mandetta fez um discurso contrariando o presidente e reforçando a importância do isolamento social. Especula-se, inclusive, que o titular da Saúde estaria sob ameaça de demissão por bater de frente com Bolsonaro.
No mesmo dia, segundo reportagem do jornal "O Estado de S.Paulo", Mandetta advertiu o mandatário de que a pandemia não se trata de uma "gripezinha" e teria questionado se o governo está preparado para colocar caminhões do Exército transportando corpos de vítimas. O diário, citando fontes, afirmou que o ministro não irá pedir demissão em meio à crise, mas admitiu deixar o ministério ao fim da pandemia se for o caso.
Embora graves o problema e os riscos para a população, Bolsonaro tem defendido a reabertura do comércio e retomada das atividades nos estados e municípios brasileiros. O isolamento, segundo as ideias do mandatário, deve ficar restrito aos chamados grupos de risco (idosos e pessoas com complicações preexistentes).
Para o ex-capitão, a preocupação com os rumos da economia é tão importante quanto a saúde pública. Ele teme que haja uma onda de demissões devido à interrupção da rotina no país.
De acordo com o Planalto, Bolsonaro esteve em "agenda pessoal".
Conforme o UOL, Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada hoje pela manhã por um acesso alternativo, com o objetivo de driblar a imprensa de plantão na portaria da residência oficial da Presidência. Ele seguiu em comboio a um posto de gasolina, onde desceu do carro para cumprimentar apoiadores e tirar fotos com frentistas.
Em seguida, visitou uma farmácia, uma padaria e um supermercado no Sudoeste, bairro residencial situado a cerca de 10 km do Congresso Nacional. Depois disso, dirigiu-se ao Hospital das Forças Armadas.
No HFA, a visita do presidente à unidade de saúde ocorre em um momento onde ele é cobrado a mostrar o resultado dos exames que fez para detectar se há contaminação pelo coronavírus.
O Planalto não esclareceu se Bolsonaro realizou algum exame ou se fez apenas uma visita social ao HFA.
O mandatário diz que está bem e não foi infectado. No entanto, mais de 20 pessoas que estiveram com ele na viagem aos Estados Unidos, no início de março, já testaram positivo. Entre os contaminados está o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, e o chefe da Secretaria Especial de Comunicação, Fábio Wajngarten.

Claudério Augusto via site Yahoo