quinta-feira, 22 de abril de 2021

Identificadas as quatro vítimas do incêndio em aldeia no interior de Ronda Alta

 Quatro índios Kaingangues morreram carbonizados no início da madrugada desta quarta-feira


Incêndio ocorreu nesta madrugada 

As primeiras diligências apontam que seis pessoas participavam de uma festa numa residência e as lideranças indígenas foram comunicadas da algazarra. Eles foram até o local e prenderam os "infratores", que foram presos e deixados no interior da cadeia.

A cadeia é uma estrutura utilizada na comunidade indígena para penalizar moradores da aldeia que cometeram alguma infração no interior da reserva. As normas seguem um Estatuto de Disciplina dos próprios índios.

O delegado de Polícia de Sarandi, Leandro Antunes, que responde por Ronda Alta, informou que o caso já está sendo apurado. Ele disse que estão sendo ouvidos o cacique da reserva e várias outras pessoas. Segundo Antunes, o Estatuto do Índio permite que ocorram punições próprias no interior das aldeias, mas que não podem ultrapassar os limites da ética e que todos os direitos sejam assegurados. 

De acordo com o cacique Marciano Claudino, os índios infratores normalmente são presos e no dia seguinte soltos. "Infelizmente aconteceu esse fato horrível aqui na nossa comunidade", disse. Claudino afirmou que 99% dos problemas envolvendo pessoas da comunidade indígena são solucionados com a intervenção das lideranças da aldeia. "Nossa aldeia que possui três mil índios, numa área de 12 mil hectares é referência no Rio Grande do Sul em termos de organização e tranquilidade", observou.

A reserva da Serrinha está localizada em partes dos municípios de Ronda Alta, Constantina, Três Palmeiras e Engenho Velho. Na área vivem índios caingangues e guaranis.

O Instituto Geral de Perícias (IGP) informou que um  Perito Criminal realizou atendimento em local das mortes na reserva da Serrinha. O laudo com as causas do sinistro deve ser concluído em 30 dias.



Agostinho Piovesan / Correio do Povo