segunda-feira, 20 de novembro de 2023

Defensor da venda de órgãos e fim do comércio com o Brasil: Javier Milei coleciona polêmicas

Javier Milei foi eleito neste domingo (19) – Foto: Victor Moriyama/The New York Times/Reprodução/ND



Javier Milei, economista de extrema-direita representante do partido Liberdade Avança, tornou-se um nome altamente discutido nas redes sociais após vencer as eleições primárias na Argentina, um processo que define os candidatos para as eleições presidenciais subsequentes em outubro.

Milei, conhecido por suas posturas extremas e conservadoras, gerou polêmica ao abordar temas como a venda de órgãos humanos. Em uma entrevista à Rádio Mitre no ano passado, ele descreveu a venda de órgãos como “mais um mercado” e questionou a necessidade de regulamentação estatal, defendendo o direito individual de dispor do próprio corpo.

As declarações de Milei provocaram a reação do Instituto Nacional Central Único Coordinador de Ablación e Implante, que afirmou que a possibilidade de comprar ou vender órgãos viola os direitos humanos e a dignidade humana, sendo proibida pela Lei dos Transplantes.

A polêmica: venda de órgãos
Diante da polêmica, Javier disse que quer “buscar mecanismos de mercado para resolver o problema”.

“Uma das coisas que levantei é que mais de 350.000 pessoas morrem por ano. Pela lei, são todos potenciais doadores. Há 7.500 pessoas que estão sofrendo, esperando por transplantes. Há algo que não está funcionando bem”, disse ele durante entrevista ao TN, repercutida pelo El Clarín em maio deste ano.

“Ninguém precisa vender nem fazer nada. São 350.000 doadores por lei. A questão é por que você está bem com 7.500 pessoas sofrendo quando há 350.000 doadores em potencial por ano”.

Javier Milei quer acabar com o comércio com o Brasil?
Além das questões relacionadas à venda de órgãos, Milei expressou hostilidade em relação ao Brasil, principal parceiro comercial da Argentina. Mesmo com o País sendo o maior comprador de produtos argentinos, Milei afirmou não ter intenção de manter boas relações com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de corrupto, ladrão, comunista e presidiário.

Milei, eleito pela coligação La Libertad Avanza, adota posturas radicais em diversas áreas, como aborto, educação sexual, aquecimento global, vacinas e a pandemia da Covid-19. Suas propostas econômicas incluem a eliminação do Banco Central e a dolarização da economia, promovendo a liberdade dos empresários e produtores nas negociações comerciais.

Analistas políticos acreditam que, apesar das divergências ideológicas, um rompimento nas relações entre Argentina e Brasil não é iminente. O Brasil é o maior comprador de produtos argentinos, enquanto a Argentina está apenas em terceiro lugar entre os maiores fornecedores do mercado brasileiro, atrás da China e dos Estados Unidos, segundo dados da Câmara Argentina de Comércio e Serviços.

Embora haja incertezas sobre a futura postura de Milei em relação ao Brasil, especialistas destacam que a Argentina tem mais a perder nessa possível ruptura, tanto em termos comerciais quanto em questões políticas. O impacto nas relações comerciais poderia não ser tão drástico, mas há preocupações sobre possíveis entraves no Mercosul e nas negociações com a União Europeia.



Claudério Augusto com informações via site ND Mais, R7 e do UOL
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