quinta-feira, 11 de maio de 2017

Operação da PF sobre suposta fraude em câmbio envolve empreendimento da Porsche em SC

 Segundo PF, foram usadas empresas de fachada nos EUA para evitar impostos. Empreendimento foi planejado para a Praia Brava, em Itajaí.

Operação da PF sobre suposta fraude em câmbio envolve empreendimento da Porsche em SC

 Operação da PF sobre suposta fraude em câmbio envolve empreendimento da Porsche em SC
 A investigação da Polícia Federal (PF) na Operação "Conexão Miami" envolve o empreendimento de luxo da Porsche Design em Itajaí, informou o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC). Segundo a apuração da PF, empresas de fachada nos Estados Unidos foram usadas para evitar impostos. O G1 não conseguiu contato com a com a Porsche Design nem com a construtora Carelli, parceira da marca no projeto, até a publicação desta notícia
 A operação investiga fraude em contratos de câmbio. Segundo a PF, o valor do desvio pode chegar a R$ 13 milhões. Foram emitidos nove mandados de busca e apreensão e dois de prisão temporária, nas cidades catarinenses de Itajaí e Balneário Camboriú, no Litoral Norte.

 Origem e esquema

 “A investigação decorre de um trabalho anterior que nós realizamos que apurava a atuação dos chamados doleiros, que, de alguma maneira, exercem a chamada fraude cambial e movimentam dinheiro à margem do sistema financeiro", explicou o delegado da PF Luciano Reiser.
Ele falou sobre como funcionaria o esquema: "O que se verificou é que houve a remessa de maneira ilícita desses valores decorrentes da exploração da marca desse empreendimento para fora do país. Para operacionalizar esse sistema, foi necessária a utilização de empresas de fachada e fraude em contratos de câmbio, o que acabou possibilitando a remessa desses recursos na ordem aproximada de R$ 13 milhões sem os devidos controles por parte do estado, sem a forma regular, com os devidos recolhimentos e tributos. Em síntese, houve a utilização de expedientes que entendemos, neste momento, que são fraudulentos e caracterizam crimes relacionados ao sistema financeiro, à lavagem de dinheiro e à associação criminosa".
  Projeto na região da Praia Brava prevê quatro torres em área a 100 m acima do nível do mar (Foto: Divulgação)

 Projeto na região da Praia Brava prevê quatro torres em área a 100 m acima do nível do mar (Foto: Divulgação)
 O que foi apreendido deve ser compartilhado com o MPSC. "Nós vamos analisar o material apreendido, que foram nove [mandados de] buscas e apreensões realizadas na data de hoje [terça]. Vamos interrogar os presos e também vamos ouvir outras pessoas que possam ter relação com os fatos em apuração. Sem prejuízo, esse material recolhido será compartilhado com o Ministério Público, que também desenvolve um trabalho de apuração relacionado a crimes da alçada estadual", disse o delegado.
 Empresários dos Estados Unidos e da Alemanha também serão interrogados. "Por ordem judicial, foram expedidas três cartas rogatórias, para que sejam qualificados e interrogados dois empresários nos Estados Unidos e um empresário na Alemanha, onde deverão prestar mais informações e também estão sujeitos ao indiciamento pelos crimes aqui apurados em nosso país", elaborou o delegado.
 Ainda de acordo com a Polícia Federal, a associação criminosa era formada por empresários do ramo da construção civil, dois doleiros, três empresários estrangeiros, bem como dois corretores de imóveis.

 Meio ambiente

 O empreendimento, previsto para ser erguido em uma área a 100 metros do nível do mar em meio à Mata Atlântica, já vinha sendo alvo de investigações por parte do MPSC. "Já existem ações em andamento. Tem um inquérito civil apurando ato de improbidade administrativa e hoje nós vamos analisar o que a Polícia Federal vai apreender para ver quais são os reflexos não só nessas ações, mas eventualmente naquelas que a gente possa instaurar, como inquérito civil ou até mesmo apurações de reflexo criminal", afirmou o promotor de Justiça Alvaro Pereira Oliveira Melo.
 "Desde o princípio, nós entendemos que a concepção desse empreendimento da Porsche Tower Design, localizado aqui na Praia Brava, contradiz o artigo 225 da constituição federal, especialmente quanto aos deveres de proteção e defesa do meio ambiente. O objetivo principal dessa ação civil pública, que depois foi dando asas a outras medidas judiciais, extrajudiciais também, é de impedir esse empreendimento", concluiu o promotor.

 Condomínio de luxo

 O projeto original lançado em fevereiro de 2016 prevê quatro torres de 33 pavimentos com 740 apartamentos, erguidas em uma área de 272 mil m² no alto de um monte, no meio da Mata Atlântica, com cinema a céu aberto, galerias de arte, pubs, restaurante "rooftop", piscinas, lagos e quadras de tênis e paddle integram o projeto.
Já com a expectativa de atrair donos de Porsche, o empreendimento prevê ainda um espaço para apreciar o automóvel, chamado de “Man’s Cave” e o “Car Lounge”, um espaço para relaxar rodeado por carros.



G1